Não diga nada ao vento
Ele é meu confidente
Diga o que tens a dizer ao mar
Ele saberá guardar o que tens a falar
E, certamente, não irá me contar
Pois, para o mar, nem consigo olhar
Acho que nem escutá-lo eu posso
Nem, a ele, me expressar.
O mar me lembra você
A beleza no bailar das ondas
Lembra-me teus gostos que também são meus
Lembra-me o quanto somos parecidos
E o quanto fomos decididos
Converse com o mar!
Este nunca te deixará a esperar
Dará as respostas para o que queres
Será teu confidente
Fazendo-te contente e resistente... Consistente!
Como o vento me faz
Trazendo-te o amor pela cantiga do violeiro
E a sensibilidade metódica do pianista
A lembrança de mim por inteiro.
Não queira relatar ao vento mais do que ele sabe
Ou o que ele possa me trazer
Aquilo que, para mim, você não quer dizer
O que está em sua boca fechada
Nas tuas mãos amarradas
Na tristeza do teu olhar
De cabeça baixa sentada na escada
No mistério do teu pensar
Relate seus pensamentos ao mar
Ele com todo seu saber irá te entender
E te indicará o caminho para o sossego
Acabará com o teu sofrer
Será o teu alento, tua força e teu sustento
E quando já não tiver o que, a ele, falar
Permita-o abraçar-te...
Não hesite em mergulhar no mar
Desta forma entenderá as minhas alegrias
E o porque de eu não mais conseguir olhar o mar
O motivo que me faz te escrever
Aquilo que você quer, de mim, ler...
O que sempre digo ao vento:
Que nada é mais importante que ser teu e, em ti, viver.
César Vasco